14 de fevereiro de 2025
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Projeto de reciclagem auxilia associação de surdos

Professoras Andreza Scatigno (à esq.) e Maria Angela de Oliveira, em frente ao posto de coleta no Bloco B. Foto: Rafael Filho

Quem passa pelas dependências da Uniso, na Cidade Universitária “Professor Aldo Vannucchi”, já deve ter reparado em galões de água com o fundo recortado e etiquetas com as inscrições “tampinhas”, “lacres” e “buchinhas”. Mas você sabe o motivo deles estarem ali? De quem foi a ideia? Ou para onde vão os materiais arrecadados?
“A ideia seria que eu pudesse, primeiro de tudo, conscientizar a comunidade acadêmica da Uniso (alunos, funcionários e visitantes). Conscientizar para eles começarem a perceber a quantidade de lixo que geram”, afirma a Coordenadora do curso de Engenharia de Alimentos, professora Andreza Scatigno.
Ela alerta que nem sempre uma grande quantidade de material reciclado é sinal de conscientização. “É legal quando a pessoa vem com um monte de tampinhas. Mas ela está gerando tudo aquilo sozinha? Se ela arrecadou no condomínio por exemplo, tudo bem. Mas tem gente que fala: ‘é lá em casa, é que a gente toma muito refrigerante’”, explica Andreza.
“Desde sempre eu me preocupo com a questão do meio ambiente, de a gente gerar muito lixo, isso me incomoda. A gente produz o lixo, coloca num saco, joga na caçamba, e parece que o nosso problema se acabou ali”, pondera. Para a professora, o segredo é a conscientização. As pessoas precisam ter a noção, por exemplo, de quanto um plástico descartado de maneira incorreta pode ser nocivo para o meio ambiente. “Quando são tocados por esse tema, começam a envolver os vizinhos, a família e outros. Meu pai quando vem me visitar, ele já traz tudo para mim, lacres, tampinhas. Eu já virei a cara da reciclagem, né?”, relata Andreza sorrindo.
A ideia do projeto surgiu de uma provocação feita pelo atual Reitor da Uniso, professor Rogério Profeta. “Foi um pedido especial dele para mim. Quando ele soube que eu tenho essa questão com o meio ambiente, ele falou: ‘professora quero que você recolha, tampinhas’. E ter o apoio da reitoria é muito importante”, ela conta.
“Criei o projeto, e pensei, como eu vou coletar? Caixa de papelão molha, junta bicho. Pensei em alguma coisa de plástico que eu pudesse lavar de vez em quando, aí veio a ideia dos galões”, explica Andreza. A professora relata que fez contato com várias empresas solicitando a doação de galões e obteve sucesso com uma que se localiza no bairro Wanel Ville ao conversar com a que fornece água mineral para a Uniso. Ela teve ajuda do setor de manutenção da Universidade para cortar os galões e moldar os pontos de coleta.

Andreza Scatigno: “Nós, enquanto sociedade, precisamos prestar muita atenção no que vai acontecer com esse lixo que produzimos. Sorocaba não tem um local de descarte, vai tudo para um aterro sanitário pago. Não devemos deixar a reciclagem só para os catadores ou coletivos de reciclagem”. Foto: Rafael Filho.

O projeto Descarte Consciente é aberto para todos os cursos que quiserem ajudar. Andreza faz questão de salientar que precisa do apoio de outros cursos e integrantes da comunidade para o crescimento do projeto. Ela afirma estar aberta para o desenvolvimento de ideias para as coletas, melhorias na estrutura dos pontos de coletas, compartilhamento de informações e tudo mais que possa agregar a ação desenvolvida por ela. “Eu gostaria de ajuda para que os pontos ficassem mais bonitos, se alguém pudesse ajudar a gente, seria legal. Porque o máximo que eu consegui foi essa ‘engenhoca’ e estou me virando com ela”, detalha Andreza.
Provocando a reflexão, a professora diz que “é importante que cada um de nós se responsabilize por aquilo que produz. O que você produz na vida? Você produz o seu trabalho, mas você produz lixo também”. Ela orienta que os cidadãos precisam lembrar de lavar seus recicláveis, pois “a pessoa que vai mexer naquele lixo, é uma pessoa da sociedade, também. É preciso ter essa conscientização e responsabilidade”. Ela reforça o pedido para que as pessoas quando forem realizar os descartes, separem o lixo reciclável e orgânico. “Lembrem que tem a Uniso, que a gente recolhe, faz a destinação correta e ainda por cima ajuda a Associação do Amor Inclusivo (AAI), uma associação que é muito comprometida”, pondera.

Em dois anos de projeto, foram arrecadados 235 quilos de tampinhas, 99 de lacres e 213 esponjas. Cápsulas de café também são bem-vindas. Foto: Profa. Andreza Scatigno

Com base em dados coletados nestes mais de dois anos de projeto, Andreza conta que foram arrecadados 235 quilos de tampinhas (revertidos em R$ 587,50), 99 quilos de lacres (R$ 594,00) e 213 esponjas usadas (R$ 10,25) totalizando um valor de R$ 1.192,15, que foi doado para a Associação.
Andreza explica que escolheu a Associação do Amor Inclusivo (AAI), entidade de Sorocaba, presidida pela professora de Libras, Maria Angela Oliveira, para receber as doações por, além conhecê-la como pessoa, acreditar na qualidade do trabalho desenvolvido. “Conheço ela há muitos anos, já lecionamos juntas e ela é muito empenhada. O projeto dela é maravilhoso, ela ensina ofícios aos surdos. Ela não é só assistencialista, ela ensina! ”, Andreza faz questão de enfatizar.

SERVIÇO
Você pode encontrar os pontos de coleta em todos os blocos de aulas (A, B, C, D, E, F), no Prédio Administrativo e no Apoio 3 (Laboratório de Gastronomia) da Uniso, na Cidade Universitária, que fica localizado na Rod. Raposo Tavares, km 92,5, Vila Artura, Sorocaba – SP. Informações com a professora Andreza Scatigno: andreza.scatigno@prof.uniso.br.

Para quem quiser ajudar:
Associação do Amor Inclusivo – AAI
Whatsapp: 15 99774-1042
R. Pedro Álvares Cabral, 564 – Vila Progresso, Sorocaba – SP
https://aainclusivo.blogspot.com/

Texto e Fotos: Rafael Filho (Agência Focs / Jornalismo Uniso)