Biólogo da Uniso recebe homenagem por contribuição na gestão das águas
A premiação ocorreu no dia 2 de agosto, durante a cerimônia que comemorou os 30 anos do Comitê da Bacia Hidrográfica e Médio Tietê (CBH-SMT), realizada na Fazenda Nacional do Ipanema no município de Iperó (SP). Durante o evento, que teve como tema o uso racional dos recursos hídricos, a preservação do meio ambiente e as mudanças climáticas, o professor e biólogo da Universidade de Sorocaba (Uniso) Nobel Penteado de Freitas recebeu a homenagem em agradecimento por sua contribuição à gestão das águas e ao fortalecimento do CBH-SMT.

A relação de Freitas e da Uniso com o CBH-SMT não é algo recente, tendo origem em meados da década de 1990. Conforme relato do professor, em 18 de fevereiro de 1995 ocorreu uma reunião entre membros da sociedade civil (sindicatos, associações, Ong’s e universidades), Prefeituras e secretarias de Estado. Essa reunião foi o ponto de partida para a criação do comitê, que tem como objetivo a gestão de recursos hídricos de Sorocaba e de toda região do Médio Tietê, totalizando 34 municípios.

Na reunião de 1995, Freitas esteve presente representando a Uniso. Segundo ele, a ideia da formação do comitê teve origem em 1993 durante a criação do NEAS — Núcleo de Estudos Ambientais da Uniso, que atualmente desenvolve pesquisas relativas ao meio ambiente — momento em que o grupo teve contato com a Lei 7663/91 que falava da Política Estadual de Recursos Hídricos e que descentralizou as ações do Estado, dividindo o território em regiões. “Ao ter contato com a lei, vimos que aquilo precisava ser colocado em prática”, conta.
De acordo com Freitas, durante a reunião em fevereiro de 1995, foi montado um grupo executivo que discutiu e criou o estatuto do comitê, para que em agosto do mesmo ano, no Parque Geológico do Varvito na cidade de Itu (SP), ocorresse o lançamento oficial do comitê. O biólogo faz questão de pontuar que “na época, o comitê surgiu devido ao apoio irrestrito que a Uniso nos deu”.

Reforçando que hoje as pessoas possuem muito mais facilidades tecnológicas que no passado e exaltando o trabalho do comitê em seus anos iniciais, Freitas comenta que o contato na época era feito por meio da lista telefônica. “Nós fizemos uma força tarefa. Íamos olhando lista por lista de cada município para fazer contato com pessoas e instituições que acreditávamos que poderiam fazer parte da reunião e contribuir com o comitê”, detalha. A lista telefônica era uma espécie de enciclopédia com centenas de páginas, que mostravam nome e número de telefone de todos os moradores do município que possuíam linhas telefônicas residenciais e comerciais.

Freitas conta que atualmente o CBH-SMT realiza reuniões bimestrais em diferentes municípios da sua área de alcance, atuando de forma consultiva e deliberativa. “Existem câmaras técnicas que discutem os temas que depois são levados para o comitê em uma espécie de plenária”, explica.
Dentre as atividades desenvolvidas pelo CBH-SMT, Freitas destaca que o comitê foi um dos primeiros a trazer o saneamento como pauta para as discussões municipais e estaduais. “Nós estimulamos a despoluição do Rio Sorocaba e contribuímos para a instituição da lei da APA de Itupararanga em 1998”, comenta. O professor se refere a Área de Proteção Ambiental (APA) da represa de Itupararanga. Com mais de 930 Km², a APA se desdobra em oito municípios do interior paulista. Com o objetivo de promover o uso sustentável e a conservação ambiental, a APA foi criada pela Lei Estadual nº 10.100/98 e alterada pela Lei Estadual 11.579 em 2003, por meio do deputado Hamilton Pereira. Freitas pontua que os trabalhos relacionados ao meio ambiente, desenvolvidos pela Uniso, foram citados no projeto de lei de 2003, colaborando para que as propostas de Pereira fossem aceitas.

A importância do uso racional dos recursos hídricos
Freitas comenta que a conscientização sobre a quantidade de água consumida pela população é algo de extrema importância. Para o professor, a cobrança pelo uso da água induz ao uso racional, ou seja, quanto menos se usa, menos se paga. Segundo o professor, empresas conscientizadas sobre o uso racional, economizam no pagamento pelo consumo das águas, e também nos gastos com tratamento para devolução dessas águas para o meio ambiente em uma qualidade melhor. O biólogo pondera que os maiores prejudicados pela falta de cuidado e preocupação com as águas são os próprios seres humanos. “O maior exemplo disso são as cidades de Salto (SP) e Itu (SP), que sofrem com a falta de água mesmo tendo acesso a ‘um mar de água’ que é o Rio Tietê. A água está ali, mas não se pode usá-la. É o que chamamos de escassez relativa”, conclui Freitas.
