16 de dezembro de 2025
Notícia 2

Equipe da Uniso fica entre as melhores em Desafio Internacional da NASA

O Projeto ATMOS, desenvolvido por cinco estudantes do curso de Engenharia da Computação, ficou entre os três melhores de Sorocaba e foi um dos 1.290 — dentre mais de 11.500 projetos — que foram selecionados para concorrer na fase internacional do programa NASA Space Apps (NSA). Essa foi a primeira vez que a cidade sediou o evento, realizado de 3 a 5 de outubro, e a equipe da Uniso concorreu com outras 25 equipes de Sorocaba, que totalizaram 156 participantes.

Alunos durante a participação no desafio foto: arquivo pessoal Lucas Santiago

De acordo com o site do NASA Space Apps (NSA), ele é um programa de inovação e engajamento público vinculado à Diretoria de Missões Científicas da NASA. O NSA tem como objetivo promover transparência, participação e colaboração global, compartilhando com o público dados fornecidos pela NASA e suas agências parceiras.

Dentro das diversas atividades do NSA, acontece o NASA International Space Apps Challenge (NISAC), um desafio que é considerado o maior Hackathon (maratona de programação) global anual. O evento, que tem duração de dois dias, fomenta a inovação por meio da colaboração internacional, oferecendo aos participantes a oportunidade de utilizar os dados gratuitos e abertos da NASA e de suas agências parceiras para solucionar problemas reais, tanto na Terra quanto no espaço.

Durante o Hackathon, os participantes do NISAC de todo o mundo se reúnem em centenas de eventos locais, presenciais e virtuais, para abordar desafios propostos por especialistas da NASA. Esses desafios variam em complexidade e temática, incumbindo os participantes de tarefas que vão desde a criação de visualizações artísticas de dados da NASA até a concepção e o desenvolvimento de aplicativos informativos e programas de software. Após o Hackathon, os projetos submetidos são avaliados por especialistas da agência espacial, e os vencedores são selecionados para um dos 10 Prêmios Globais.

Em publicação em sua página no Instagram, Ilma Laurindo — líder local e integrante da Equipe de Organização Global (EGO) do NSA, que tem como objetivo orientar e apoiar os líderes locais e os participantes do programa promovendo a interação entre os membros da comunidade NASA — comentou que trazer o NISAC para Sorocaba foi algo desafiador, pois seria a primeira vez que o maior Hackathon do mundo aconteceria na cidade.

De acordo com Laurindo, a edição de 2025 do NISAC contou com 114.094 participantes, distribuídos em 551 localidades, 167 países e apoiados por 14 agências espaciais. No NISAC 2025, foram montadas 18.860 equipes e 11.511 projetos foram submetidos, dos quais foram selecionados 1.290 projetos para avançar à fase de avaliação global.

“Três equipes locais — Frota Bravo, Medjed e Bilu — foram selecionadas entre os 1.290 Global Nominees da edição. Um feito extraordinário para uma cidade que participou do evento pela primeira vez. Ver esse reconhecimento é motivo de enorme orgulho. Cada participante, mentor e colaborador ajudou a colocar Sorocaba definitivamente no mapa da inovação espacial. Este é só o começo de uma jornada que promete voar ainda mais alto. Agora seguimos rumo à próxima etapa: Global Finalists & Honorable Mentions”, pontua Laurindo.

Bilu, a equipe formada na Uniso

Fazendo referência ao ET Bilu — um suposto alienígena que ficou famoso no ano de 2010 após aparecer em uma reportagem na qual pedia para que os integrantes do planeta Terra buscassem conhecimento — a equipe Bilu é composta pelos estudantes de Engenharia da Computação Lucas Amaral Ferreira, Lucas Madureira Soares Canevorelo Santiago, Leonardo Canalez Duarte, Nicolas Ferrari Pereira e Rafael Santos da Silva.

“Foi uma brincadeira, inspirada no caso de ufologia brasileira que virou meme, o ET Bilu. O nome deveria ser algo que não ligasse a marcas ou a coisas registradas, e deveríamos usar a criatividade. Escolhemos um meme, pois nada melhor que um meme para representar o Brasil”, explica o estudante Lucas Santiago.

Segundo informações relatadas no projeto ATMOS, a equipe Bilu considerou principalmente a exclusão digital e a vulnerabilidade das populações em áreas remotas. “Refletimos sobre como os sistemas de alerta atuais não conseguem alcançar aqueles que mais precisam, pois dependem de uma infraestrutura de internet que não é universal”, afirma.

Alunos Lucas Amaral, Leonardo Duarte, Nicolas Pereira Rafael da Silva e Lucas Santiago em um dos laboratórios utilizados pelas Engenharias da Uniso foto: Graziela Alves de Sousa

O Hackathon

“O evento foi divulgado pelo professor Luiz ‘Trovão’[José Luiz da Silva]. É um evento mundial, e foi a primeira vez que aconteceu em Sorocaba. A cidade conseguiu se qualificar para ter isso. Na edição do ano passado, teve um polo em Campinas”, conta Santiago.

E como funciona o evento? Segundo Santiago, ao mesmo tempo, no mundo inteiro, os polos liberam 10 desafios diferentes. “Cada desafio tem um finalista. O nosso foi um desafio voltado para o clima, para a parte de qualidade do ar. Nem todos precisavam desenvolver uma aplicação, mas o nosso precisava”, detalha.

Santiago explica que, durante a competição, todas as equipes precisaram “consumir a API de dados da NASA. Eles forneciam quatro links possíveis, e a gente tinha que usar pelo menos dois. A gente usou três”. API é a sigla para a expressão “Interface de Programação de Aplicativos”. Em seu site, a empresa Oracle Corporation, multinacional norte-americana reconhecida na área de tecnologia, explica que as “APIs atuam como pontes entre as aplicações, permitindo que elas se comuniquem e compartilhem dados”. A título de exemplo, a empresa comenta que os usuários típicos da internet se beneficiam “constantemente de APIs, muitas vezes sem perceber. As APIs conectam fontes de dados públicas, como sites de previsão do tempo, a aplicações comerciais, para nos avisar sobre as próximas tempestades”.

“Teve apresentação, vídeo pitch, e toda uma modelagem para fazermos. A primeira etapa era conseguir construir o projeto até o último dia do desafio. A segunda foi uma primeira triagem, no próprio polo. A gente passou por essa triagem”, explica. De acordo com Santiago, a quantidade de equipes que cada polo poderia enviar para a disputa internacional dependeria do número de projetos submetidos. Pela quantidade, Sorocaba se credenciou a enviar três equipes.

O projeto ATMOS

Lucas Santiago (à esq), acompanhado do professor Denicezar Angelo Baldo: “o projeto foi concebido não para competir com os aplicativos existentes, mas para evoluir e atender a um nicho crítico e negligenciado: a segurança de todos, conectados ou não” foto: Graziela Alves de Sousa

No desafio proposto para a equipe Bilu, era necessário desenvolver uma aplicação baseada no clima. E essa aplicação deveria consumir dados dos satélites da NASA. Das quatro fontes fornecidas, a equipe Bilu precisaria utilizar pelo menos duas, e a Bilu utilizou três. “Desenvolvemos um aplicativo funcional até metade do percurso, porque a outra metade precisaria de apoio governamental”, conta.

De acordo com o projeto ATMOS, o app seria uma  plataforma desenvolvida para fornecer indicadores ambientais, como qualidade do ar e níveis de radiação UV, e, mais importante, para emitir alertas críticos em tempo real. “O objetivo é salvar vidas e reduzir danos, superando a barreira da conectividade. Buscamos criar uma solução de segurança pública que não seja apenas mais um aplicativo de previsão do tempo, mas sim uma ferramenta essencial que resolva o problema do acesso à informação em momentos críticos”, detalha a equipe.

Santiago ressalta que o app funcionaria como os que já existem atualmente em aparelhos celulares — que monitoram as APIs, mostrando informações sobre o clima e o tempo —, mas com informações complementares e relevantes: “ele não mostraria somente se vai chover ou fazer sol. Seria isso e muito mais. Ele informaria e geraria alertas sobre os níveis de CO2, de raios UV e tudo o que fosse nocivo para a vida humana”.

“Isso por si só já seria um aprimoramento dos aplicativos de clima que a gente tem no celular. Então já seria revolucionário. A nossa proposta foi, além de fazer isso aí funcionar, consumir dados, gerar alertas e tudo mais, fazer com que essa informação chegue aonde o sinal de dados e de celular normal não chegam”, detalha.

Sobre a criatividade do projeto ATMOS, a equipe Bilu comenta que ela “reside não na exibição dos dados, mas em garantir sua entrega. Enquanto os aplicativos convencionais dependem inteiramente da internet, nossa solução inova ao desvincular as notificações de emergência da necessidade de uma conexão de dados, priorizando o alcance do usuário em quaisquer condições”. Os integrantes da equipe Bilu complementam que “a proposta de utilizar a infraestrutura de sinal das operadoras de telefonia móvel para esse fim é a principal inovação do projeto, criando uma nova camada de comunicação para emergências”.

Conforme o texto do projeto ATMOS, o principal benefício é a democratização do acesso a informações vitais de segurança. Isso protege populações em áreas remotas e vulneráveis, como a Amazônia, zonas rurais ou outras regiões com infraestrutura de internet limitada. Para explicar a funcionalidade do app na prática, Santiago comenta: “por exemplo, uma pessoa está passeando em uma zona erma na África, ou na Europa. Ocorre um cataclisma climático na Itália, ou um vulcão entra em erupção, onde o sinal de celular é interrompido. O clima muda, o CO2 aumenta na camada de ozônio. A API capta isso e manda alertas para aquela região. Existem redes capazes disso, só que são governamentais, emergenciais. Isso, de maneira global, dá para a gente fazer. Todos os celulares que tivessem essa aplicação receberiam um alerta”, complementa.

A nível Brasil, Santiago comenta que o app poderia ajudar também à agronomia nacional. “Agricultores que vivem em lugares remotos, com pouco sinal e tudo mais, receberiam informações relacionadas à chuva, movimentações, nutrientes no ar. A proposta foi colocada para a Defesa Civil em um painel gerencial, para ela disparar melhor as informações dela para população, através dessa aplicação também”, detalha.

A importância do desafio para a educação universitária em tecnologia

Professor Denicezar Angelo Baldo: “Hackathons como este também nos auxilia a cada vez melhorar mais ainda os cursos que coordenamos, bem como a divulgação que conseguimos com estes desafios. Estamos empolgados para participar no próximo ano também” foto: Graziela Alves de Sousa
 

“Eventos como esse são de grande importância, pois, além de testar as habilidades dos alunos, eles melhoram as soft skills [habilidades comportamentais] deles, desenvolvendo trabalho de equipe, tomadas de decisões em situações de pressão que geralmente enfrentamos em ambiente de trabalho, bem como geram uma animação a mais no grupo em saber que são capazes de aplicar aquilo que aprenderam em algo material que pode e será utilizado por alguém no futuro”, comenta o Professor Denicezar Angelo Baldo, que atualmente coordena os cursos de Engenharia da Computação, Ciência de Dados e Inteligência Artificial e Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

Sobre a importância de desafios como o NISAC para os professores da área, Baldo comenta que eles “nos guiam a saber se o que estamos aplicando realmente é o que o mercado necessita; isso gera um desafio para nós, também coordenadores, em analisar as necessidades diárias do mercado.”

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TextoRafael Filho