7 de novembro de 2025
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Inteligência Artificial na Avaliação da Amplitude de Movimento: apoio terapêutico ou substituição profissional?

Por: professor Marco Aurélio Bonvino e as estudantes Anna Beatriz Suganuma, Joyce Nayara Cabral da Silva e Larissa Oliveira de Jesus

A Amplitude de Movimento (ROM – Range of Motion) é a extensão máxima de movimento que uma articulação pode realizar de forma segura, controlada e funcional, abrangendo movimentos como flexão, extensão, abdução, adução e rotações. Avaliar o ROM é um dos principais componentes da prática fisioterapêutica, pois permite identificar limitações articulares, monitorar evolução do tratamento e estabelecer metas de reabilitação. Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) tem se mostrado uma ferramenta promissora para automatizar e aprimorar a análise da amplitude de movimento e da qualidade de execução dos exercícios, especialmente em ambientes domiciliares e na tele-reabilitação.

Com o avanço das tecnologias digitais, especialmente da IA e da visão computacional, novas abordagens vêm sendo desenvolvidas para medir a ADM de forma automática, precisa e acessível. Sistemas que utilizam sensores RGB-D e algoritmos de aprendizado de máquina permitem rastrear as articulações do corpo em três dimensões, reconhecendo e corrigindo falhas no processo de medição, como o obscurecimento corporal durante o movimento. Além disso, essas soluções possibilitam análises mais detalhadas, incluindo a velocidade, a coordenação e a qualidade da execução do movimento, parâmetros que antes eram difíceis de quantificar sem equipamentos sofisticados.

Mesmo com todos esses avanços tecnológicos, a atuação humana continua sendo essencial no processo de avaliação e reabilitação. Os sistemas baseados em IA mostram alta precisão em cálculos e reconhecimento de padrões de movimento, mas ainda enfrentam desafios que limitam sua aplicação isolada. Questões como a variabilidade entre indivíduos, a interpretação de gestos sutis e a compreensão de fatores clínicos e subjetivos como dor, esforço ou compensações motoras exigem o olhar atento e a experiência do profissional de saúde.

Na prática, a IA atua como uma ferramenta de apoio que amplia as capacidades do fisioterapeuta ou médico, oferecendo medições objetivas e dados complementares que auxiliam o raciocínio clínico. Por exemplo, durante um programa de reabilitação domiciliar, o paciente pode realizar exercícios diante de uma câmera comum, enquanto o sistema baseado em IA avalia automaticamente a amplitude e a qualidade do movimento. Esses dados podem ser enviados ao profissional, que então interpreta os resultados, ajusta o tratamento e orienta o paciente com base em uma análise individualizada. Assim, o uso da IA permite que o acompanhamento remoto seja mais preciso e eficiente, sem substituir o papel central do profissional.

Dessa forma, a incorporação da IA na avaliação da amplitude e da qualidade de movimento representa uma evolução natural das práticas de reabilitação. Ao oferecer medições mais objetivas e acessíveis, essas tecnologias ampliam o alcance dos serviços de saúde e favorecem a continuidade do cuidado em ambiente domiciliar. No entanto, seu valor máximo é alcançado quando aliada à experiência clínica e à capacidade interpretativa do profissional, garantindo que a tecnologia sirva como suporte ao julgamento humano e não como seu substituto.

Sobre os autores:

Dr. Marco Bonvino – fisioterapeuta especialista em fisioterapia músculo-esquelética, osteopatia e quiropraxia

Anna Beatriz Suganuma – acadêmica de Fisioterapia – 10° semestre

Joyce Nayara Cabral da Silva – acadêmica de Fisioterapia – 10° semestre

Larissa Oliveira de Jesus – acadêmica de Fisioterapia – 10° semestre

E-mail para contato: joyceenah55@gmail.com

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