24 de maio de 2025
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O impacto da utilização de cigarros eletrônicos no ambiente universitário

Por: professora Carla Martins Crivellaro e as alunas Giovanna Rossetto de Souza, Gleicy Soares dos Santos e Stella Carvalho

Com a popularização e vendas de cigarros eletrônicos entre os jovens, conhecido como POD ou VAPING, houve um grande aumento de casos de Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarro Eletrônico, conhecida como EVALI. Sua popularização iniciou entre 2019 e 2020, nos Estados Unidos, inicialmente os cigarros eletrônicos foram criados para aqueles que gostariam de parar de fumar, porém seu consumo entre os jovens se tornou muito grande, devido a utilização de sabores artificiais e THC.

Por mais que a maioria dos casos de EVALI tenha sido registrada nos Estados Unidos, há uma preocupação crescente em outras regiões. Por exemplo, na Espanha, estudos indicam que quatro em cada dez jovens de 16 a 21 anos utilizam dispositivos de vaping pelo menos uma vez por mês. Profissionais de saúde relataram hospitalizações de jovens devido ao uso desses dispositivos, destacando uma falsa sensação de segurança associada ao vaping.

No Brasil, embora a prevalência de EVALI seja relativamente baixa, o uso desses dispositivos tem aumentado, especialmente entre os jovens, incluindo universitários. Até agosto de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) havia registrado sete casos de EVALI no país. Embora o número de casos confirmados seja baixo, há uma preocupação crescente devido ao aumento do uso de dispositivos eletrônicos de fumar (DEFs).

Estudos recentes indicam uma tendência preocupante no uso de DEFs entre estudantes universitários brasileiros. Essa pesquisa revelou que aproximadamente 16,5% dos alunos já utilizaram DEFs até cinco vezes, 7,9% mais de 50 vezes e 10,2% os utilizam regularmente. No entanto, os casos de EVALI no Brasil, até o momento, limitados, o aumento do uso de DEFs entre jovens e universitários é alarmante.

Ela está fortemente associada ao uso de produtos de THC provenientes de fontes não regulamentadas, os quais frequentemente é encontrado o acetato de vitamina E, uma substância capaz de causar danos pulmonares consideráveis quando se é inalada. Além disso, os líquidos utilizados em cigarros eletrônicos contêm componentes como propilenoglicol, glicerina e aromatizantes, sendo que alguns, como o diacetil, são potencialmente tóxicos para os pulmões. A vaporização de substâncias como THC e CBD, cujos efeitos pulmonares ainda não são completamente compreendidos, também pode contribuir para o desenvolvimento da doença. Outros fatores de risco incluem a compra de produtos de vaping de fontes não autorizadas e o uso concomitante de nicotina e THC, uma combinação frequentemente relatada por pacientes diagnosticados com EVALI, sugerindo um risco aumentado à saúde pulmonar. Vale ressaltar que a fabricação, distribuição e venda dos PODs e vape no Brasil é proibida pela Anvisa!

Os seus sintomas podem variar de caso para caso, podendo ser mais leve ou grave, necessitando de internação. O usuário pode apresentar falta de ar, tosse, dores no peito, batimentos cardíacos acelerado, ele pode apresentar em casos mais graves febre, calafrios, vômitos e dor abdominal. Um sinal muito presente no início da doença é a respiração rápida e superficial, mesmo que não haja a EVALI é importante ressaltamos que a utilização de vaping é POD causa diversas lesões no pulmão.

Diante dos fatos acerca dessa nova doença, ainda faltam critérios decisivos no diagnóstico de EVALI (Lesão Pulmonar Associada ao Vaping). Portanto, este é feito principalmente por histórico de uso do cigarro eletrônico, com suspeita clínica e a exclusão de outras complicações do sistema respiratório.

Em pacientes notificados com presença de EVALI, observaram-se amostras de lavagem bronco alveolar, imagens de Tomografia Computadorizada (TC), Radiografias de tórax, cultura de escarro, entre outros. Dentre os achados estão: leucocitose, elevação da proteína C reativa, infiltrações difusas bilaterais com opacidades em vidro fosco, inflamação tecidual não específica, atenuação em mosaico e macrófagos carregados de lipídios com deposição de fibrinas, estes sendo indicativo de sequelas respiratórias.

A primeira intervenção será de cessar o uso do cigarro eletrônico, com educação em saúde e orientações necessárias à comunidade sobre o risco deste dispositivo. Corticosteroides e tratamento antibiótico podem ser indicados, seguindo a necessidade particular de cada caso. O manejo deve ser imediato ao decorrer da identificação da doença. A internação hospitalar é recomendada caso o paciente apresente saturação abaixo de 95%, associada a outros sinais, incluindo suporte ventilatório, oxigenoterapia e uso de PEEP (Pressão expiratória final positiva). A evolução tende a apresentar hipoxemia grave e falência respiratória, se não houver intervenção pós instalação de sintomas iniciais, corroborando com a necessidade de acompanhamento após a alta nas semanas seguintes.

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