15 de outubro de 2025
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Aplicação da Inteligência Artificial para avaliar postura e desequilíbrios biomecânica

Por: professor Marco Aurélio Bonvino e os estudantes Gabriel Nata Galves Parra, Gleicy Soares dos Santos e Rafael Marques

A biomecânica é uma área da ciência que estuda os movimentos do corpo humano e as forças que atuam sobre ele. Em outras palavras, ela explica como ossos, músculos, articulações e ligamentos trabalham juntos para permitir o movimento do corpo, como andar, correr, levantar peso, sentar, dançar ou até mesmo manter a postura parada. Ao analisar a biomecânica, os profissionais de saúde conseguem entender se o corpo está se movimentando de forma eficiente ou se existem sobrecargas que podem causar dores e lesões. Por exemplo, quando alguém sente dor nos joelhos ao subir escadas, a biomecânica ajuda a identificar se o problema está na forma de pisar, na fraqueza muscular ou em desalinhamentos posturais.

A avaliação postural é um processo utilizado principalmente por fisioterapeutas para observar e analisar o alinhamento do corpo. O objetivo é identificar desvios, desequilíbrios ou compensações que podem estar relacionados a dores, limitações ou até mesmo a hábitos do dia a dia, como ficar muito tempo sentado ou carregar peso de forma incorreta.

Durante essa avaliação, o profissional observa o posicionamento da cabeça, ombros, coluna, quadris, joelhos e pés, verificando se estão alinhados ou se há alterações, como escoliose, hiperlordose, ombros caídos ou joelhos em “X”.

Com essas informações, é possível planejar estratégias de tratamento e prevenção, melhorando a qualidade de vida da pessoa. Hoje em dia, além da observação clínica, tecnologias como sensores e inteligência artificial já auxiliam nesse processo, tornando a análise ainda mais precisa e acessível.

As alterações comuns incluem anteriorização da cabeça, hipercifose/hiperlordose e assimetrias pélvicas, com efeitos em cadeia entre segmentos (cervical–torácica–lombar). Os Agravantes típicos são: sedentarismo, longos períodos sentado, ergonomia inadequada e uso excessivo de smartphone, associados a dor e piora funcional. Atividade física regular atenua esses riscos.

A inteligência artificial (IA) vem transformando a avaliação postural e a análise biomecânica ao permitir medições mais precisas, rápidas e objetivas. Com o uso de câmeras, sensores e algoritmos de aprendizado de máquina, é possível identificar pontos anatômicos e calcular ângulos articulares automaticamente, reduzindo erros humanos e tornando o processo mais acessível.

Estudos recentes mostram que sistemas baseados em IA conseguem reconhecer padrões posturais e até prever sobrecargas musculoesqueléticas. Além disso, tecnologias vestíveis, como sensores inerciais (IMUs), permitem monitorar a postura e o equilíbrio fora do ambiente clínico, facilitando o acompanhamento contínuo de pacientes e atletas. Assim, o fisioterapeuta pode contar com dados objetivos e gráficos detalhados para planejar condutas mais específicas e personalizadas.

Apesar dos avanços, a IA não substitui o fisioterapeuta. Ela atua como uma ferramenta de apoio, mas não é capaz de interpretar fatores individuais, emocionais e clínicos do paciente. O fisioterapeuta continua sendo essencial para analisar o contexto, realizar o exame físico e decidir as melhores estratégias terapêuticas. A IA complementa o trabalho humano ao oferecer informações precisas e comparações ao longo do tempo, mas o olhar clínico, o raciocínio e a empatia continuam insubstituíveis. O ideal é que o fisioterapeuta use a tecnologia como aliada e não como substituta para potencializar seus resultados.

Concluímos que a Inteligência Artificial (IA) permite uma triagem e monitoramento objetivos por meio de técnicas como a fotogrametria e a estimativa de pose, já validadas contra exames radiográficos. Além disso, podem ser utilizados sensores inerciais (IMUs – Inertial Measurement Units), que registram aceleração, velocidade angular e orientação corporal, e aprendizado de máquina (ML – Machine Learning), que identifica padrões e faz previsões a partir de grandes volumes de dados, para acompanhar curvaturas posturais e equilíbrio durante o processo fisioterapêutico. Esses recursos contribuem para orientar correções ergonômicas, melhorar a mobilidade e o fortalecimento, além de fornecer feedback de progresso ao paciente. Dessa forma, reduzem a exposição à radiação e os custos de avaliações repetidas, tornando-se uma ferramenta útil para auxiliar o fisioterapeuta.

Sobre os autores:

Prof. Dr. Marco Aurélio Bonvino – fisioterapeuta especialista em fisioterapia músculo-esquelética, osteopatia e quiropraxia. Docente do curso de Fisioterapia da Uniso

Gabriel Nata Galves Parra – Acadêmico de Fisioterapia, 10º semestre

Gleicy Soares dos Santos – Acadêmica de Fisioterapia, 10° semestre

Rafael Marques Carlos – Acadêmico de fisioterapia, 10° semestre

E-mail para contato: gleicyfisio7@gmail.com

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