14 de setembro de 2025
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Verbo ilustrado: pesquisadora vê na arquitetura um elemento de educação

Pesquisadora analisa relações entre a cultura católica medieval e a educação

O tom bege das paredes pode ser visto quase sem interrupções pelos quatro cantos da sala. De um lado, há janelas cobertas por cortinas translúcidas que vão do teto ao chão; do outro, a porta de madeira em duas folhas, com um vidro retangular na parte superior, anuncia a passagem para dentro e para fora. À frente, vemos o recorte do quadro branco e, bem acima dele, o crucifixo pendurado de modo que todos possam vê-lo. As carteiras estão enfileiradas simetricamente e ocupam cada pedacinho da sala de aula do colégio São Bento, na região central da cidade de São Paulo.

O colégio, fundado em 1903 pelo abade Dom Miguel Kruse, faz parte do conjunto arquitetônico do Mosteiro de São Bento de São Paulo, que abriga ainda a Basílica Abacial de Nossa Senhora da Assunção (1640). Oficialmente, a edificação original do mosteiro data de 1598, mas os registros históricos de São Paulo nesse período inicial da colonização são escassos e controversos. Apesar dos desencontros de informações em documentos oficiais, o site do mosteiro apresenta o histórico da presença da Ordem dos Beneditinos em São Paulo e as datas mencionadas nesta reportagem. Além desse histórico, o site traz informações sobre o horário das missas — incluindo a de sábado, que é celebrada no padrão gregoriano —, a padaria, os espaços para eventos, a agenda para casamentos, a faculdade de Filosofia, as aulas de canto gregoriano, entre outros trabalhos desenvolvidos pelos monges.

Foi a partir dos vestígios arquitetônicos — ou das rugosidades, como diria Milton Santos — do Mosteiro de São Bento de São Paulo que a pesquisadora Cristiane Correa Strieder começou sua investigação sobre a forma como a simbologia de uma visão de mundo católica medieval se faz presente nos monumentos desse espaço religioso, que é também um lugar de ensino e aprendizagem. “A construção [do mosteiro] traz uma arquitetura românica. Eles se voltaram aos primórdios mesmo.” O modelo românico das edificações remete a um visual austero, pesado, de baixa iluminação. Strieder diferencia, em sua tese de doutorado, e também durante a entrevista concedida para a reportagem, a arquitetura românica da gótica, que seria mais inovadora, mais iluminada, porque tem a presença forte dos vitrais e de outros elementos que trabalham a luminosidade. “A arquitetura do Mosteiro de São Paulo remete ao modelo [mais antigo] dos mosteiros beneditinos medievais.”

Para ler a íntegra da reportagem, acesse: https://abrir.link/FkeLG

Texto: Mara Rovida
Imagem: Imagery (Adobe Stock)