Avanços Recentes na Reabilitação Funcional e nos Critérios de Retorno ao Esporte após Reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior
Por: professor Marco Aurélio Bonvino e os estudantes Bruno A. Arraes Messias, Gabriel Alves de Jesus e Caroline Pereira Rosa
As lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) são comuns no esporte e um desafio para a ortopedia atual. A reconstrução cirúrgica, associada à reabilitação funcional estruturada, é essencial para restaurar a função articular e garantir o retorno seguro ao esporte (RTS). Este artigo traz uma revisão integrativa de estudos recentes (2023–2024), abordando os principais avanços em protocolos de reabilitação e nos critérios utilizados para liberação funcional.
A reabilitação do LCA é dividida em fases: controle da dor, fortalecimento muscular, treino de equilíbrio, controle motor e retorno às atividades específicas. Protocolos individualizados demonstram melhores resultados que abordagens padronizadas, respeitando idade, nível esportivo e fatores emocionais.
Fatores pré-operatórios como força, estabilidade e motivação impactam diretamente no sucesso da recuperação. Os critérios de RTS evoluíram e hoje vão além de testes físicos (força, saltos, agilidade), incorporando aspectos psicossociais, como autoconfiança e medo de re-lesão. Modelos psicológicos,
como o medo-evitação, autoeficácia e apoio social, ajudam a compreender a experiência do paciente.
Intervenções físicas com treino neuromuscular, pliometria e exercícios funcionais mostraram taxas de RTS de até 100% após dois anos. Já a terapia cognitivocomportamental, embora menos aplicada, teve bons resultados, com RTS de 63% em seis meses. Traços como otimismo, foco e motivação se mostraram
preditores de sucesso funcional.
Na prática clínica, a extensão de joelho em cadeia aberta pode ser segura, desde que controlada. O fortalecimento do quadríceps deve ser iniciado precocemente, evitando sobrecargas articulares nas primeiras semanas. Alcançar 90° de flexão até a sexta semana reduz o risco de fibrose. A sustentação de peso é geralmente permitida desde o início, respeitando o alinhamento postural e a integridade de
lesões associadas, como as meniscais.
A partir do terceiro mês, exercícios dinâmicos e proprioceptivos são introduzidos com foco em simetria e controle motor. Recursos como superfícies instáveis, espelhos e feedback visual favorecem a progressão. Entre cinco e seis meses, inicia-se o retorno funcional com ênfase em força, equilíbrio e movimentos
específicos. Atletas jovens e do sexo masculino apresentam maior taxa de retorno ao nível pré-lesão.
Conclui-se que o sucesso da reabilitação do LCA depende de uma abordagem personalizada, que considere tanto aspectos físicos quanto emocionais. Protocolos bem definidos, aliados a estratégias psicossociais, contribuem para um retorno seguro, eficaz e confiante à prática esportiva, reduzindo o risco de novas lesões e otimizando o desempenho do atleta.
Sobre os autores:

Prof. Dr. Marco Aurélio Bonvino – fisioterapeuta especialista em fisioterapia músculo-esquelética, osteopatia e quiropraxia. Docente do curso de Fisioterapia da Uniso

Bruno A. Arraes Messias, estudante de Fisioterapia – 5° semestre

Gabriel Alves de Jesus, estudante de Fisioterapia – 10° semestre

Caroline Pereira Rosa, estudante de Fisioterapia – 10° semestre
E-mail para contato: arraesbrunno@gmail.com
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